Desenvolvida pela Natura, em parceria com o LnBio (Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM – Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), a metodologia Human-on-a-chip simula no laboratório o funcionamento do organismo humano para avaliação da segurança de ingredientes ou produtos. A tecnologia, em estudo desde 2019, é fundamental para o desenvolvimento e a aprovação de matérias-primas originais da marca, pois permite análises bastante específicas e aprofundadas. A aplicação do método agora passa a ser empregada rotineiramente nos testes de segurança realizados pela companhia, marcando o ineditismo da Natura tanto na utilização da tecnologia para esse fim quanto na aplicação de novos métodos específicos para analisar os resultados obtidos, reforçando o protagonismo científico e tecnológico da companhia em alternativas que substituem os testes em animais.
A metodologia, chamada de Human-on-a-chip, consiste na combinação de estruturas biológicas equivalentes a órgãos humanos, fabricados em laboratório, integrados de forma a reproduzir o funcionamento do organismo. O sistema, ativado por um fluxo de líquidos e soluções, que imita a circulação sanguínea, permite aos pesquisadores e cientistas avaliarem os efeitos de um ingrediente cosmético tanto dentro (órgãos) quanto fora do corpo (pele) ao mesmo tempo.
Segundo a diretora geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura, Roseli Mello, a implementação do novo método permite entender se uma matéria-prima sem dados de histórico de uso se mostra crítica ou não para itens toxicológicos relevantes. “A falta de dados e testes sobre uma matéria-prima pode acarretar redução da concentração permitida ou a proibição de seu uso em determinados produtos. Os resultados da aplicação do método desenvolvido pela Natura podem permitir aumento em até 10 vezes as concentrações de novas matérias-primas, favorecendo sua máxima potência e eficácia cosmética. A tecnologia representa um salto de qualidade técnico-científica na geração de dados de segurança”, enfatiza.
“Iniciamos a implementação das tecnologias microfisiológicas no CNPEM em 2015. Desde então, avançamos no desenvolvimento de pele reconstituída, esferóides de tecido adiposo e hepático, modelos de barreira intestinal e de epitélio pulmonar. O domínio desse tipo de tecnologia nos permite conduzir colaborações de pesquisa que buscam resolver desafios tecnológicos na área de métodos alternativos, como demonstra essa parceria com a Natura”, explica o Dr. Kleber Franchini, Diretor do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM.
Inovar é uma necessidade
Sem realizar testes em animais desde 2006, a Natura conta com a aprovação do Programa Leaping Bunny, da Cruelty Free International, e da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). Além disso, desde 1998, a Natura investe no desenvolvimento de métodos alternativos de forma pioneira e inovadora em busca de soluções cada vez mais completas, integradas e capazes de fornecer o maior número de informações possíveis, o que é especialmente importante para o desenvolvimento de novas matérias-primas para as quais não existem dados prévios. Atualmente, já existem metodologias disponíveis e validadas no mundo para a avaliação de perigos de ingredientes cosméticos sem utilização de testes em animais, mas as análises são realizadas muitas vezes de maneira empírica e com abordagem conservadora, o que pode penalizar um novo ingrediente por agregar a ele alta criticidade por falta de dados mais consistentes.
Para Kelen Fabiola Arroteia, Gerente do Núcleo de Avaliação Pré-Clínica da Natura e uma das profissionais envolvidas no desenvolvimento da nova metodologia, a estratégia da Natura de desenvolver matérias-primas exclusivas da biodiversidade brasileira trás desafios adicionais ao processo de desenvolvimento de testes alternativos. Os ingredientes naturais são muitas vezes misturas inéditas e complexas de compostos, sem dados históricos em literatura, e essa complexidade e escassez de dados demanda o desenvolvimento e implementação de novos métodos de avaliação. “Para a Natura, a segurança de seus produtos e ingredientes está em primeiro lugar e entendemos que isso é algo primordial dentro da categoria cosmética. Ao mesmo tempo, a composição química de algumas matérias-primas pode chegar a ter mais de cem compostos, o que torna a necessidade de desenvolvimento de novas análises e testes ainda mais imprescindível”, acrescenta Roseli Mello.
Hoje, a Natura utiliza uma estratégia integrada de metodologias para avaliações de segurança das matérias-primas proprietárias da marca, que requer a combinação in silico (emprego de diferentes modelos computacionais para predizer a toxicidade de um ingrediente em diversos desfechos toxicológicos com base em sua estrutura molecular), com metodologias in vitro (executadas em laboratório utilizando-se modelos biológicos, como cultura tridimensionais de células e tecidos humanos, somado a análises bioquímicas e moleculares. A tecnologia já mostra resultados surpreendentes. “Conseguimos avaliar uma nova matéria-prima em desenvolvimento na Natura e o resultado do ensaio possibilitou a liberação da mesma em produtos numa concentração três vezes maior do que seria possível sem esse novo método”, anuncia Kelen. “Além disso, existe também todo um fluxo detalhado de testes de segurança para avaliação dos produtos finais, incluindo aqueles que possuem matérias primas proprietárias”, completa a pesquisadora.
Vanguarda em desenvolvimento de novas tecnologias
A Natura faz parte da RENAMA (Rede Nacional de Métodos Alternativos), iniciativa que fomenta a implementação, desenvolvimento e validação de métodos que não utilizam animais. A RENAMA permite a existência de uma infraestrutura laboratorial e de recursos humanos especializados capazes de implantar métodos alternativos e de desenvolver e validar novos métodos no Brasil.
Uma das frentes de compromisso da RENAMA é a capacitação. Todos os anos a Rede coordena uma plataforma de capacitações em métodos alternativos, através do financiamento de cursos de curta duração, ministrados por atores relevantes da rede. A PREMASUL (Plataforma Regional de Métodos Alternativos à experimentação animal do MERCOSUL) foi criada em 2015 como estratégia para organização e viabilização destes cursos.
No ano de 2022, a plataforma foi organizada pela Natura e o LnBio e intitulada “Sistemas Microfisiológicos Humanos – Fundamentos e Perspectivas”. O foco foi capacitar outros atores do cenário nacional e latino-americano a desenvolverem e aplicarem metodologias Human-on-a-chip em curso teórico e prático entre os meses de julho e setembro. A iniciativa demonstra mais uma vez a liderança da Natura no desenvolvimento e aplicação de métodos alternativos de vanguarda na América Latina.
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