Paris 2024: Uma prata, dois bronzes e uma coleção de motivos de orgulho em Paris. Confira o resumo
- Luxo Aju
- 29 de jul. de 2024
- 5 min de leitura

No segundo dia oficial de competições nos Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil subiu três vezes ao pódio, duas no judô e uma no skate, viu uma medalha inédita na canoagem slalom mais perto do que nunca e acenos promissores na ginástica artística, vôlei de praia, boxe, tênis de mesa e tênis. O futebol feminino sofreu uma virada nos acréscimos contra o Japão, o handebol caiu diante da diferença mínima para a Hungria, entre diversas outras modalidades em disputa. Em comum a todas as conquistas, a digital do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.
Com os resultados do dia, o Brasil fechou o domingo na 14ª posição no quadro de medalhas, com uma prata e dois bronzes. A liderança está com o Japão, impulsionado por skate e judô, que soma quatro ouros, duas pratas e um bronze. Na sequência aparecem Austrália (quatro ouros e duas pratas) e Estados Unidos (três ouros, seis pratas e três bronzes).
Confira o resumo da atuação brasileira em 28 de julho
JUDÔ - A primeira medalha do Brasil em Paris 2024 foi do judô e de Willian Lima. O paulista de 24 anos, natural de Mogi das Cruzes, carimbou a prata do meio-leve masculino (66kg) após só parar no japonês Hifumi Abe na grande decisão. “Acho que essa é uma daquelas coisas que você batalha a vida toda para conquistar. Não tenho palavras para explicar, estou feliz, mas ao mesmo tempo fica um traço de tristeza pela prata”, afirmou o atleta, integrante da categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal. “É duro perder uma final, ainda sabendo que você tinha condições, mas fico feliz porque falei que ia chegar aqui e conquistar medalha, sair do pódio e colocar no pescoço do meu filho”. E a cena aconteceu. Após receber a premiação, Willian logo correu para colocá-la no pescoço do pequeno Dom, de 10 meses. O pódio do atleta simbolizou a primeira final masculina com um brasileiro desde Sydney, em 2000, quando Tiato Camilo e Carlos Honorato também foram prata.
No caminho até o pódio, Willian estreou com bela vitória sobre Sardor Nurillaev, do Uzbequistão, projetando o adversário a seis segundos do final do combate. Nas oitavas, superou Serdar Rahimov, do Turcomenistão, nas punições (3-0). Nas quartas, encarou o judoca da Mongólia, Bashkuu Yondonpenrelei, e manteve o bom rendimento. Numa luta dura, projetou o adversário na fase de golden score. Na penúltima luta, enfrentou o cazaque Gusman Kyrgysbayev e, também na “prorrogação”, encaixou uma projeção perfeita e garantiu-se na final. Na decisão, encarou o japonês Hifumi Abe, campeão olímpico em Tóquio 2020 e tricampeão mundial. O brasileiro até conseguiu aplicar algumas entradas, mas Abe levou a melhor na efetividade e projetou o brasileiro duas vezes para selar o resultado.

BRONZE DE LARISSA - Poucos minutos depois, mais um pódio nos tatames. Larissa Pimenta venceu a campeã mundial Odette Giuffrida, da Itália, na disputa de bronze do 52kg, para carimbar a segunda medalha do Brasil na competição. “Foi um dia muito especial. Desde a primeira luta já sentia que estava diferente. Não entendia como, nem por que, mas me sentia assim. Durante a preparação, minha melhor estratégia foi viver um dia de cada vez e, desde a primeira luta, não pensava em nada e só dizia para mim mesma que merecia. Consegui. Ainda não acredito, mas consegui”, disse Larissa.
Larissa estreou com vitória por ippon ao finalizar Djamila Silva, de Cabo Verde, com uma chave de braço. Nas oitavas, superou a britânica Chelsea Giles com uma projeção que valeu um waza-ari no golden score. Nessa fase, Larissa encarou a heroína local, Amandine Buchard, da França, e foi surpreendida por uma imobilização no golden score. Na repescagem, Larissa enfrentou a alemã Mascha Ballhauss.
No retrospecto do ano, Larissa levava a pior, com duas derrotas. Mas, em Paris, a vitória veio na hora certa. Pimenta buscou uma projeção, derrubou a alemã e a finalizou com estrangulamento. Na disputa de bronze, Larissa pegou outra adversária contra quem o retrospecto não ajudava. A atual campeã mundial e duas vezes medalhista olímpica Odette Giufrida, da Itália. A luta seguiu até o golden score, com as duas empatadas em duas punições, até a italiana ser punida pela terceira vez por falta de combatividade.
Ao perceber que tinha conquistado o bronze, Larissa se emocionou e não conseguia sair do tatame. Foi inclusive abraçada pela adversária, que reconheceu a conquista e protagonizou uma das belas imagens de fair play do dia. “Eu não entendi a situação, simplesmente agachei e chorei. Não sabia se era verdade. Acho que faltou oxigênio na cabeça e comecei a ver tudo branco (risos). Mas sentia no coração que merecia”, definiu a atleta, que teve o nome publicado em dez editais do Bolsa Atleta ao longo de sua carreira.

LONGA TRADIÇÃO - Com as duas medalhas, a tradição do Brasil nos tatames olímpicos está mantida. Nenhum outro esporte brasileiro subiu tanto ao pódio quanto o judô. Com as duas conquistas deste domingo, são 26: quatro ouros, quatro pratas e 18 bronzes. O país só não conquistou medalhas em três edições olímpicas: Tóquio 1964, Cidade do México 1968 e Moscou 1980. O judô é a modalidade que mais medalhas conquistou para o Brasil em Olimpíadas.
RAYSSA DE BRONZE - Uma das atletas mais celebradas do país, Rayssa Leal confirmou a condição de uma das favoritas do skate street e saiu dos Jogos de Paris com a medalha de bronze. Com muita emoção e um recorde olímpico, a brasileira conquistou o terceiro lugar na última manobra. Pâmela Rosa e Gabi Mazetto também participaram, mas foram eliminadas na fase de classificação. No skate, há pontuações para as voltas de 45 segundos e para as manobras. Tanto na fase de classificação quanto na final, a brasileira não conseguiu encaixar as voltas de 45 segundos. Com isso, ficou refém do repertório de manobras únicas que sabe executar para compensar a pontuação aquém do que ela gostaria nas voltas. Na fase de classificação, uma nota 92.68, a maior da história da modalidade nos Jogos Olímpicos, ajudou ela a avançar à final em sétimo. Na decisão, bateu o próprio recorde ao encaixar uma manobra com pontuação 92.88. Foi suficiente para garantir o bronze. O ouro e a prata foram do Japão. Coco Yoshizawa ficou em primeiro com uma nota 96,49, que superou inclusive o recorde de Rayssa, e Liz Akama ficou com a prata. “Que loucura, que loucura. Duas Olimpíadas e duas medalhas. Não dá para explicar. Em 2028 vem o ouro. Na próxima, prometo que ele não escapa”, brincou a brasileira, que já havia sido vice-campeã olímpica nos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2021. Rayssa é integrante da categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta.

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