Projeto Caminhos para a Dignidade transforma vida de pessoas em situação de rua e migrantes
- Luxo Aju
- há 9 horas
- 3 min de leitura

Transformação, esperança e oportunidades. Com esses objetivos, nasceu o Projeto Caminhos para a Dignidade, que oferta cursos de capacitação para pessoas em situação de rua e migrantes. Tudo começou em outubro de 2024, quando o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) recebeu, em sua sede, em Aracaju, essa população vulnerável. Durante dois dias, os grupos apresentaram suas demandas mais urgentes. Falaram sobre as dificuldades que enfrentam nas ruas, sobre o preconceito e a necessidade de uma chance no mercado de trabalho.
Depois do processo de escuta ativa e humanizada, as informações foram inseridas em um planejamento estratégico. A partir daí, o MPT-SE, Instituto Social Ágatha, Projeto Banho para Todos, Cáritas Arquidiocesana, Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), Pastoral do Povo da Rua, Comunidade Bom Pastor, com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e demais parceiros idealizaram o Projeto Caminhos para a Dignidade. “Estamos dando os primeiros passos para efetivar uma política não só assistencialista, mas que repare e cesse a dupla penalidade que essa população vem sofrendo: a primeira é a negação dos seus direitos fundamentais e a segunda, por via de consequência, a vulnerabilização que as torna presas fáceis para o tráfico de pessoas e trabalho escravo”, afirmou o procurador do Trabalho Adroaldo Bispo.
As instituições formam uma rede de atuação no projeto e cada uma contribui de acordo com sua área. “São pessoas que, assim como nós, precisam de oportunidade para recomeçar. O Instituto Ágatha é um dos articuladores e, junto com a experiência das demais entidades, busca e analisa caminhos que podem trazer dignidade para essa população”, explicou a vice-diretora do Instituto Ágatha, Valéria Chapman.
Em abril, os primeiros integrantes do projeto fizeram o curso de produção de alimentos com foco na Páscoa. Neste período, onde as festas juninas se prolongam em Sergipe, uma nova turma participa da capacitação e produz diversos quitutes juninos, como bolos, pamonha e canjica.
A crise na Venezuela trouxe Katirene Marisol, o marido e o filho a Sergipe. Já são sete anos no estado e muitos desafios. Conseguir um trabalho é ainda mais difícil, principalmente por causa do idioma. Mas a imigrante vê, no curso, uma chance de melhorar a vida da família. “É muito bom poder fazer as coisas com as próprias mãos, depois vender e ver que as pessoas gostam, porque fica tradicional mesmo, com o sabor daqui. Esse curso abre oportunidades e, quem sabe, eu possa ter meu emprego em breve”, disse a venezuelana.
Todos os alimentos produzidos na cozinha do Projeto Caminhos para a Dignidade são comercializados no setor de Economia Solidária, por meio de parceria com a Seteem, em eventos promovidos pelo governo do Estado. “Essas pessoas estão tendo a oportunidade de obter renda nesse período junino, com grande fluxo de pessoas no estado. Isso representa oportunidade para recomeçar e trabalhar com dignidade”, destacou o secretário de Estado do Trabalho, Jorge Teles.
A coordenadora do Projeto Banho para Todos, Evânia Andrade, acompanha de perto todo o trabalho na cozinha, com as orientações do instrutor de formação profissional Célio Fontes. “Nós temos uma equipe na cozinha, na produção, e outra nas vendas. Todos estão se qualificando para conseguir um emprego, porque isso sim é dignidade”, disse Evânia.
Cristiane Nascimento não imaginava ter essa oportunidade. Passou oito anos vivendo nas ruas. Agora, com o curso, já faz planos para o futuro. “Para mim, esse projeto significa portas abertas, para eu conseguir conhecimento e uma renda também. Eu estou abraçando com toda a força. Espero conseguir montar um negócio para mim”, finalizou.
Fotos: Lays Millena Rocha
Comments