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Vamos de arte? MODA COM ATITUDE POLÍTICA E DESIGN SUSTENTÁVEL

Por: Wesley Lemos



Entre um dos assuntos mais comentados na primeira semana do ano, destacam-se os “looks” usados pela primeira-dama da República, Rosângela Lula da Silva (56), mais conhecida como Janja.


Os bochichos vão além de achismos ou das teorias irrelevantes de etiquetas sociais sobre elegância vazia quando o assunto é vestir-se bem ditado por blogs ou editoriais de moda. O destaque da moda nacional vai além da quebra de protocolos com roupas para posse, pois traz holofotes ao que verdadeiramente importa nos dias atuais: moda sustentável. A ela, soma-se a economia criativa em parcerias sustentáveis e colaborações com um time de talentosos criativos, que vão desde designers de moda, passando pela equipe de produção e a finalização com protagonismo de bordadeiras. “Não vou ser diferente porque tenho que ser a mulher certinha do Presidente”, diz Janja.


O primeiro look, polêmico terninho em seda, produção das estilistas Helô Rocha (@helorocha) e Camila Pedroza (@camilapedroza), potencializou a economia criativa do Nordeste brasileiro por meio da parceira de um grande time de criativos, entre os quais evidenciam-se as bordadeiras de Timbaúba dos Batistas (@timbaunadosbordados), no Rio Grande do Norte.


A escolha do traje reforça, sem dúvida alguma, uma atitude política e condizente com a posição de protagonismo que Janja passa a ter de agora em diante no Governo. Usar uma alfaiataria traz a representatividade da mulher que trabalha, além de reforçar um engajamento com o futuro do planeta, uma vez que privilegia um design anticolonialista, inclusivo e sustentável. Além do mais, ela optou por um tecido amanteigado, quase dourado, que foi tingido naturalmente com fruta de caju e hortaliça de ruibarbo, no qual foram aplicados bordados em fibras naturais.


“Muito importante esse movimento de Janja, trabalhamos pra isso. Ter reconhecimento, protagonismo e ser um elo forte da economia brasileira. Porque é o que é. Moda é um potente gerador de emprego e renda. E quando vem com o discurso certo, valorizando nossa diversidade, cultura, ancestralidade, não poderia ser melhor. Viva 2023! Novos tempos, novos ares, novos olhares “ disse Paulo Borges (Sócio Criador e Fundador da SPFW e Presidente do Instituto INMODE)



Bordados de fibra natural valorizam exuberância natural do Nordeste Brasileiro, com fibras de palha de junco, capim dourado e capim colonhão. Bordadeiras: Dona Josa, Patinha Dantas, Acileide, Aline, Kena e Daliane. Artesãos: Eliene Bispo e Lucas Bispo. Logística: Claiton Mesquita. Apoio: Rede Artesol.



Já o segundo look, mais leve e casual, traz em seu desenho e execução uma monocromia azul surpreendente, também assinado por Helô Rocha, em parceria com a marca brasileira expoente Neriage (@neriage_ ).


O tecido de reaproveitamento é o ponto alto do design do traje, com saia, “body” e capa plissada com mangas torcidas costuradas e modeladas de forma orgânica e totalmente artesanal.



“ A moda é um jogo de formas e cores, que pode trabalhar a favor de quem a veste. Louva-se a preocupação de Janja nas grandes ocasiões, como foi no seu casamento em valorizar a cultura brasileira através da moda. “ diz Hilde Angel (Diretora do Instituto Zuzu Angel, e Presidente do Museu da Moda- RJ)


Em ambos os casos, a escolha dos “looks” preponderam uma mulher de atitude política e com afinco para arregaçar as mangas e ir à labuta. Mais que isso, traz pertencimento ancestral, valoriza suas raízes, além de trazer à tona o viés antiecológico da moda convencional de outrora, e da indústria têxtil, sendo esta última o setor que mais polui, despejando seus efluentes líquidos, com seus corantes, que contaminam os solos e rios, além de causar danos irreparáveis ao planeta.


Se a moda no Brasil em outras décadas reproduzia a beleza da mulher europeia, do seu apogeu à queda, o novo caminho, entretanto, aponta reconhecer legitimidade através de atitudes que valorizem nossa cultura e lutem contra a moda colonizada. Entre comentários positivos e negativos (estes a meu ver não tão relevantes), devemos aplaudir a atitude e o esforço da Primeira-Dama em consagrar o melhor do nosso povo nos dois “looks”, que valorizam a economia circular produtiva sustentável e nos ensinam que ética e estética devem andar lado a lado nos dias atuais.


“A participação mais importante da Primeira-Dama Janja, e registro aqui meu agradecimento pela minha emoção, foi por ela ter organizado uma das posses mais lindas e representativas da história da nossa república! O país volta a ser de todas e todos!" Disse Carlos Tufvesson ( Estilista)



Dessa forma, é conveniente lembrarmos de Sócrates (Sec. V – ano 470 a.C.), que disse que a beleza não está associada à aparência de um objeto, mas em quão proveitoso ele for. Portanto, o belo deve ser útil e, neste caso, podemos testemunhar que as escolhas utilizadas por Janja têm todo sentido e pertencimento diante da magnitude inclusiva e diversificada da posse presidencial.


Como aprendizados das opções de roupa da Primeira-Dama, ficam o consumo consciente, a aposta em designers de moda preocupados com o futuro do planeta, bem como o valor à cultura brasileira.




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