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  • Alessandra Cattani

Constelação Familiar


Constelar é tornar-se disponível para olhar para trás sem a queixa. Com um estado de presença e uma percepção que reconhece e estabelece limites para um diálogo amoroso com os antepassados, feito através de técnicas com grupos e bonecos que mostram a dinâmica que existia na família.

Penso na constelação familiar como um caminho para chegar até mim. Eu sou a história da minha família, assim como você é a da sua e estamos todos num processo de constante transformação. Num processo de entender que é na proporção antagônica que há o equilíbrio. Como quanto mais alta a árvore, mais funda a sua raiz. Entendo que para ir mais longe é preciso ir mais atrás.

Partindo desse pressuposto, prefiro conceituar constelação familiar não pelo que ela é, mas pelo que ela não é. Ela não é uma técnica nem uma abordagem. É uma ciência, que contém tudo isso mais a alma de Bert Hellinger, que se descreve como empírico por excelência.

Nascido em 1925, num período entre guerras, foi prisioneiro num campo de concentração nazista, ordenou-se padre, estudou Filosofia, Teologia e Pedagogia. Trabalhou como missionário na África do Sul e em 1990 teve o primeiro contato com a Terapia Sistêmica. Sua teoria se baseia numa ordem, não no sentido de leis, mas no modo de funcionar. São elas: hierarquia, pertencimento e equilíbrio.

Hierarquia ou ordem de chegada diz respeito a quem chegou primeiro, ao respeito à base, ao alicerce, por considerar que quando não aceitamos o que veio antes, estamos sempre com sentimento de revolta e inadequação. Com o respeito à ordem de chegada, compreendemos o lugar de cada um.

Perceber essa dinâmica para retornar a conexão que outrora tínhamos, respeitar os grandes é reintegrar-se no amor. Uma vez que houve essa conexão, tomar o seu lugar é sair do emaranhado.

Os que vêm antes são os que dão a possibilidade do agora existir. E não honrar é revoltar-se para o que não podemos modificar, uma vez que só existimos no agora.


É como se a família tivesse uma alma própria e quando a função de anteceder é negada, o sistema sofre. Como quando engolimos sem mastigar. É preciso não julgar o que nos antecede. Pois tomar essa postura de ser aquele que chegou para fazer o certo é arrogante. E dessa forma, acabamos perdendo a compaixão por nós mesmos.


Hellinger diz que só existimos porque nossos pais são imperfeitos, se eles fossem perfeitos, não suportaríamos a dor da nossa imperfeição. Quando tentamos ser perfeitos, de alguma forma buscamos a morte. Por isso a proximidade da perfeição com a morte.


Então pode começar se questionando: como você vê aqueles que vieram antes de você? Você costuma intervir na dinâmica dos mais velhos? Vê seus pais, um ou outro, como fraco, incapaz? Assume o papel dos seus pais ao ajudar um irmão mais novo ou tenta ajudá-lo como irmão? Olha com respeito para os seus antecessores? No trabalho, na empresa na ciência? Tem uma sensação de estar no seu lugar ou de que precisa tomar vários lugares ao mesmo tempo?


Já o pertencimento e o equilíbrio dizem respeito ao vínculo a um sistema com o qual todo mundo nasce. Parte integrante de algo que já existia. Todos são importantes para o sistema e quando todos pertencem, o sistema é forte. Quando há exclusões, o sistema sente. Pois esse lugar criado, de alguma forma existirá e se não é tomado para quem o pertence, alguém do sistema será impelido a ocupá-lo.

Filhos rejeitados ou não incluídos mesmo os vindo de abortos provocados ou espontâneos pertencem à família, da mesma forma pertencem aqueles que possuem um distúrbio mental ou uma patologia física. Filhos de relacionamentos que antecedem a relação atual ou até a própria relação passada precisam ser incluídos. Quando há exclusão, mostramos desrespeito e isso provoca desequilíbrios.

Em todos os casos em que há exclusão no sistema, alguém representa essa pessoa, manifestando algum tipo de comportamento ou sintoma, como uma forma do próprio sistema reparar essa falta e restabelecer o equilíbrio.

Todos têm o mesmo direito de pertencer. Não existe réu ou inocente, tudo aponta para uma evolução, estamos ligados. E é aceitando essa conexão que podemos reintegrar o amor que um dia houve.

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